terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Só um instante

A madrugada me parece tão bonita. Bato o olho no relógio e vejo 1:26, e eu poderia permanecer acordado até as 4:00 se me fosse requerido.
Mas por algum motivo, algum sujeito cuja mãe não deve ser boa pessoa estabeleceu que o horário pras pessoas serem pessoas funciona das 08:00 às 18:00 e quem desviar desse caminho é um vagabundo.

Quanto tempo vai levar até caírem na real?

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O Mercado de Trabalho

É sério que ninguém admite que isso é uma insanidade? É realmente sério isso?


As pessoas passam 10, 12 horas longe de casa, fazendo algo que odeiam e que, de alguma forma, faz a roda girar e aumenta ainda mais esse maldito ciclo.
Eu não sei, eu levanto todos os dias sentindo meus ombros e minha cabeça com o peso do mundo, eu encosto num poste e sinto como se fosse derrubá-lo com meu corpo. Sinto como se tivessem trocado minha massa cinzenta por cimento.
Eu chego no meu serviço e digito números num computador durante 8 horas. Sim, eu apenas lanço números num computador, pois eles não me significam absolutamente nada. E o mais insano é que isso se torna tão automático pra mim que eu posso fazer isso o dia todo enquanto fico pensando em infinitas coisas que fazem minha cabeça entrar em colapso.
Eu vejo todas as outras pessoas daquele lugar terem uma segunda-feira tão ruim quanto a minha, mas, se por algum motivo você diz todas essas coisas carregadas de rancor e cansaço como estou dizendo aqui, todos enlouquecem. Falam como se você fosse um preguiçoso vagabundo, e se vangloriam em ser trabalhadores fortes e honestos. É sério isso, cara? Vocês tão mesmo falando sério? Realmente batem no peito com orgulho por fazer algo que odeiam durante tanto tempo, como se o cansaço fosse uma medalha de honra?
Eu não consigo entender pessoas que sentem orgulho em comer merda, realmente não consigo. É tão claro que a maioria da população simplesmente ODEIA o que faz, mas por algum motivo elas fingem que amam e repudiam quem assume que não gosta.

Vocês já pararam pra pensar que a escravidão ainda não acabou? A única coisa que mudou nesse meio tempo é que trocaram a escravidão física pela escravidão mental. Não temos mais o capataz dando chicotadas nas suas costas, mas temos o chefe olhando pro relógio e fazendo cara de poucos amigos se você chega cinco minutos atrasado.
Não somos mais obrigados a trabalhar pra recebermos em troca um pouco de comida e abrigo, mas somos obrigados a trabalhar pra recebermos em troca um papel que vamos trocar por um pouco de comida, abrigo e algumas futilidades.


Uma coisa que sempre vem na minha cabeça é a imagem de um manicômio posicionado na beira de uma calçada com uma grande avenida. E, enquanto as pessoas andam depressa, fazem barulho e perdem totalmente a calma lá fora, os pacientes estão do lado de dentro sorrindo e brincando com as flores. Você consegue distinguir quem realmente perdeu a sanidade nesta cena?
Não existe tempo pra crescer intelectualmente, você vai ter apenas umas três horas por dia pra se divertir, cuidar da sua família, e descansar um pouco antes de dormir e começar tudo de novo. Não existe tempo pra aprender coisas legais, porque a maioria das coisas que você estuda faz parte dessa rotina de tirar seus pensamentos do que realmente importa e te prender no tempo, enquanto te dão um pouco de dinheiro e o pegam de volta junto com a sua juventude. Não existe tempo pra pensar, não existe tempo pra sentir e não existe tempo pra sorrir. Você tem tempo apenas pra trabalhar, estudar e cumprir tarefas sociais que você faz mais por obrigação do que por prazer. E assim a vida segue sem que você ou sua geração se deem conta de quanto tempo perderam com isso.

Eu vejo crianças jogando fora seu futuro em escolas que formam pessoas iguais, eu vejo caras de 40 anos jogando na mega-sena, eu vejo recém aposentados usando o pouco que ganham agora pra pagar seus remédios e sua morte, mas eu não vejo ninguém te falando isso porque é muito feio ser "negativo" e todos têm que estar sempre bem.

domingo, 11 de agosto de 2013

Então

Já faz um tempo que não escrevo, apesar de nesses últimos tempos ter um milhão de coisas pra falar.

A verdade é que sempre que tô com coisa na cabeça pra escrever eu não posso, porque geralmente tô no trabalho ou na faculdade. Quando tô em casa a revolta sai de mim e então não tenho ânimo nem vontade de escrever.

Essas justificativas parecem tanto coisa de youtuber famoso, né? O que não vem ao caso...

O caso é que uma dessas um milhão de coisas pra falar é ensino superior é uma das coisas mais superestimadas hoje em dia. Ponto.
Claro que não dá pra generalizar, mas cada vez mais essa porra toda de graduação se torna mais um belo negócio de compra e venda de um papel que te "permite" ingressar num lugar que vai te dar muito dinheiro. Quer dizer, isso é o que a sociedade grita pra você, porque na real nem sempre é assim.

Fiquei de cara no sábado que surgiu esse assunto no serviço e todo mundo ficou abismado com a minha opinião, me olhando como se eu fosse um vagabundo que não quer aprender nada.
Imagina se eu falasse o quanto acho absurdo o fato das pessoas terem que trabalhar 8 horas por dia pra chegar de noite e ter lá umas 2 horas pra si mesmo e pra sua família. Mas isso é assunto pra outro post.

Voltando ao rumo da história, eu fiquei como o grande falador de merda da situação porque o único que concordou comigo era um carinha que não gosta de aprender nada mesmo e caga pra tudo. Mas até ele tem mais bom senso que a maioria dali.
Conhecimento é foda, conhecimento é foda pra caralho! Mas o que tentam fazer tu engolir em faculdades, cursos, concursos e mais um monte de bosta da vida é, em sua maioria, ridículo!
Uma coisa que nunca entendi é porque diabos me ensinam a mexer numa calculadora financeira se quando eu vou fazer a porra da prova de um concurso administrativo eu não posso nem usar aquelas calculadoras de R$ 1,99?! Caralho, isso não tem lógica!
Qual a moral de tu saber fazer todas aquelas contas de cabeça se até o caixa de supermercado (nada contra) usa uma calculadora no dia-a-dia pra resolver os problemas. É um monte de volta que não faz sentido algum.

Aí tu estuda, estuda, estuda que nem um corno. E quando finalmente entra numa empresa foda ou passa num concurso foda tu chega no seu novo serviço e aprende coisas na prática que nunca lhe foi ensinado na porra do curso. É a mesma coisa que pegar uma criança e ensinar quanto é 2+2. Tu fala pra ela "2+2=4", "2+2=4", "2+2=4", decore isso! "2+2=4" "2+2=4" "2+2=4". Ai beleza, ela vai lá se mata de "aprender" e tu pergunta "Quanto é "2+2?". Ela de bate-pronto responde "2+2=4". Mas se você perguntar quanto é 1+3 ela não vai saber responder! Por que? Porque ela não entendeu a essência da situação, ela só decorou uma parte pronta que foi obrigada a engolir sem nem saber pra quê isso vai lhe ser útil.
Faculdade é quase isso. Tu estuda, decora, copia, cola, mas é tudo como um grande quadro em preto e branco. É totalmente diferente ver a paisagem ao vivo e fazer parte dela, ter contato com as coisas.

Minha grande dica do dia é: se tu quer aprender alguma coisa, APRENDA POR CONTA PRIMEIRO, nem que entre num curso depois, daí pelo menos tu vai ter o mínimo de senso crítico pra saber se tão te empurrando bosta ou não.
A nossa grande e nova mídia chamada internet tá aí pra isso, tu não precisa mais acordar 6:00 da manhã pra assistir Telecurso 2000. Então sai caçando vídeos no youtube, textos no google, qualquer coisa! Você vai ver como é divertido aprender coisas que não vêm com um lacre escrito "CHATICE", como fizeram você engolir durante tantos anos. Hoje em dia o que mais tem é gente fazendo guias e aulas na internet de um jeito dinâmico e que realmente ensine, ao invés de obrigar os alunos a decorar palavras escritas tão formalmente que dão sono.


Não caia nessa que a sociedade pinta pra você que a faculdade é um grande American Pie e que você vai ganhar um carro quando fizer dezoito anos. A porra é um pouco mais séria do que isso. 

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Come back little guy

"Que estranho vai ser quando eu crescer e começar a gostar de jornal".

Não consigo esquecer essa frase que refleti na época que meu pai mudava de canal enquanto eu assistia Disney Club.
Não sei se é mais estranho me imaginar gostando de jornal ou ver que hoje, com 23 anos, eu ainda gosto de quase tudo que gostava quando tinha 10.
Mais estranho ainda é ter orgulho e me apegar com todas as forças a tudo isso, sabendo que o mundo que passa no jornal não é o mesmo mundo que eu quero viver.
Falem o que quiserem, mas meu ponto de fuga quando eu quase enlouqueço com tanta hipocrisia, mentira e imundice é qualquer coisa da minha infância. Seja um desenho, um jogo, um filme, ou qualquer coisa que me faça querer acreditar que é assim que funciona.
Acreditar em mundos surrealistas é muito mais acolhedor do que saber que o ser humano é tão vazio.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Hipocrisia mútua

Às vezes chega a ser engraçado, mas na maioria das vezes é ridículo ver como as pessoas conseguem abrir mão de toda e qualquer sinceridade. E o pior é que se você começar a prestar atenção vai ver que isso acontece o tempo todo e em todo lugar!
Posso citar um milhão e quinhentos mil exemplos, mas vou citar talvez o mais famoso deles pra não estender demais o assunto: acho que todo mundo já deve ter tido aula com algum professor que já está de saco cheio de tudo e resolve dar um "migué" com trabalhinhos que vão dar em nada ou mesmo pequenos exercícios que mais servem como desculpa pra matar logo o tempo do que pra ensinar. Porque ora, ele não pode simplesmente falar "não tenho mais nada pra dizer, então vão embora". Ele precisa cumprir seu horário e bater lá seu cartãozinho no final do período e a forma mais simples de resolver isso é sendo hipócrita.
Até aí temos hipocrisia. A hipocrisia mútua acontece quando o outro lado (nesse caso, os alunos) começam a ir a favor desse joguinho tedioso e começam a dar algum tipo de importância pra esse "trabalho-finja-que-acredita". Eu sei que diversas vezes tem muita inocência envolvida nisso, mas tem uma hora que a gente tem que começar a pensar um pouquinho, né?
Já cansei de provar pra mim mesmo o quanto de hipocrisia mútua tem por aí, apenas vendo os resultados previsíveis disso tudo, embora nunca tenha mandado ninguém à merda (ainda) dizendo tudo o que as pessoas ficam escondendo uma das outras.
Enquanto escrevia esse texto me lembrei onde você pode entender exatamente o que quero dizer com essa de hipocrisia mútua:



Aprendi muito mais assistindo esses caras do que na escola pública, mas quando eu era criança me disseram que pra ser alguém você precisa sentar numa cadeira e copiar lição da lousa.



sábado, 12 de janeiro de 2013

Uma aventura há muito esperada

Lá e de volta outra vez, acho que isso é o que melhor descreve a sensação de poder ver a Terra Média novamente depois de nove anos. E só nove anos depois eu descobri que essa história criou raízes permanentes dentro de mim.
Tudo começou um dia antes da estreia de O Hobbit no cinema, estava um calor típico de verão brasileiro, daqueles que me fazem ter vontade de não sair de casa pra derreter, mas eu sabia que seria impossível esperar, então decidi ir de qualquer forma na sexta-feira assistir a estreia.
No outro dia acordei as 6:30 da manhã sem conseguir dormir por causa da ansiedade e para a minha surpresa o dia tinha amanhecido exatamente do jeito que mais gosto: chuvoso e com frio.
Deve ter sido o dia mais longo da minha vida até finalmente chegar a hora de pegar o ônibus e começar a minha aventura, lembro que depois que saí de casa me senti realmente numa aventura, como se tudo acontecesse da forma mais legal possível. Até  esperar era divertido, eu estava extremamente empolgado com tudo ao meu redor.
Quando eu estava quase chegando, a chuva aumentou bastante e acabei entrando encharcado no shopping, felizmente minhas roupas secaram rápido por causa do ar condicionado (e felizmente também eu não morri de pneumonia por causa disso). Essa deve ter sido a parte mais excitante do meu dia.
Lembro que estava tão ansioso e preocupado por ter chegado meio em cima da hora que comprei qualquer bilhete e nem lembrei de ver se era 3D, dublado, legendando ou etc. Felizmente o ingresso era em sala normal (sim, eu odeio 3D, ele tira toda a nostalgia daqueles defeitinhos de ciscos pretos na tela) e infelizmente era dublado, mas não importava, eu estava ali, na hora e no lugar certo e estava totalmente feliz como há tempos não ficava e essa felicidade só aumentou durante o filme.
Não vou fazer uma análise do filme, já que depois de você ter lido tudo o que já escrevi certamente estará ciente de que minha opinião não seria NEM UM POUCO imparcial. Gostaria de citar apenas que aquela canção entoada pelos anões é um hino pra todo fã de fantasia e RPG.
Mas vamos retomar o rumo da aventura, pois foi quando começou o filme que eu descobri de verdade o quanto essa história é importante e especial. Desde o primeiro minuto um misto de alegria, arrepios, lágrimas e virtude tomaram conta de mim e foi assim até o final, foram as quase três horas mais intensas da minha vida.
Logo quando saí da sala depois dos créditos finais decidi entrar de novo na próxima sessão, só não fiz isso porque não era a versão legendada.
Aproveitei meu ótimo estado de espírito pra fazer outra coisa que estava com vontade há muito tempo: comer pizza no shopping. E isso também foi especial como teria que ser.
Para minha surpresa os momentos especiais daquele dia ainda não tinham acabado, logo quando estava indo embora me deparei com um pôr do sol magnífico, daqueles que parecem mais brilhantes do que o normal por terem vindo depois da chuva, que ainda deixou suas marcas d'água no chão do estacionamento.
Gostaria que houvessem mais dias como esse, dias pra dar atenção para as coisas simples e se empolgar com elas.